sexta-feira, 24 de maio de 2013

Síndrome de Burnout na atividade policial



Também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, que pode ser causada por uma dedicação exagerada a atividade profissional, ou até mesmo por turnos de trabalho excessivos. O desejo de ser o melhor e demostrar um alto grau de desempenho é uma fase importante da síndrome, pois, o portador mede a autoestima pela capacidade de realização e sucesso profissional. Onde o desejo de realização profissional se torna uma obstinação e compulsão, que no fim com a falta de reconhecimento podem levar a um vazio interior, depressão, desesperança, exaustão, e finalmente a um colapso físico e mental. Estagio este que é considerado de emergência e necessita de ajuda médica de psicológica imediata. Realmente a atividade policial é extremante propicia para o desenvolvimento desta síndrome, pois, muitas vezes tendemos a nos envolvermos demais com nosso trabalho, trocando finais de semana com a família por campanas, noites bem dormidas por acompanhar escutas telefônicas, situações estas dentre tantas que normalmente vemos como atribuição do cargo, o que quando estamos focados no resultado, acabamos tomando como rotina, e quando vemos estamos totalmente envolvidos nesse meio, somente pensando em trabalho, colhendo informações, deixando pra lá os horários de almoço, e qualquer folga, sempre realizando atividades de trabalho. O que por fim no decorrer dos anos, e a percepção de que muitas vezes nosso trabalho não é valorizado devidamente, dentro da corporação, ou até mesmo pelo público externo que atualmente vê a policia de modo geral como corrupta e ineficaz. Isto pode acarretar no desenvolvimento desta síndrome, como outras tantas doenças psicológicas. Não pude acompanhar exatamente nenhum caso da manifestação de “bournout”, mas conheço diversos colegas que após, 20, 30 anos de dedicação ao trabalho policial, já passaram por internação psiquiátrica por estresse, depressão, necessitando de acompanhamento médico, e utilizando medicação controlada, além de casos de infarto, e etc. Acredito que temos que ter em mente que a atividade policial é maravilhosa, mas é extremamente desgastante, e devemos realizar um planejamento de nossas vidas para cumprir nossas atribuições da melhor forma possível, mas sem prejudicar nossas saúde e convívio familiar. Pois muitos dos colegas que hoje em dia vemos desmotivados arrastando os pés dentro de uma delegacia, já foram policiais linha de frente extremamente ativos, e acabaram pagando o preço do estresse da profissão. Dentro da polícia existem exemplos de todo tipo de profissional, o que temos é que nos guiar pelos bons exemplos de profissionais que ainda hoje em final de carreira, ainda são produtivos e motivados, e aprender com eles os “macetes” para evitar as armadilhas de nossa profissão, e conciliar sucesso profissional com satisfação pessoal e saúde de vida.

Autor: FSantanna
(Colaboração para o curso: Tópicos de Psicologia para Segurança Pública do SENASP)

quinta-feira, 25 de abril de 2013

UM ESTUDO RESUMIDO SOBRE VÍTIMAS.

Vitimologia é o estudo da vítima em seus diversos planos. Estuda-se a vítima sob um aspecto amplo e integral: psicológico, social, econômico, jurídico.
A professora Lola Anyar de Castro, renomada criminóloga venezuelana, em sua obra Vitimologia - tese de doutorado publicada em 1969, citando Beniamim Mendelsohn, sintetiza o objeto da Vitimologia nos seguintes itens:
1. Estudo da personalidade da vítima, tanto vítima de delinqüente, ou vítima de outros fatores, como conseqüência de suas inclinações subconscientes
2. Descobrimento dos elementos psíquicos do "complexo criminógeno" existente na "dupla penal", que determina a aproximação entre a vítima e o criminoso, quer dizer: "o potencial de receptividade vitimal"
3. Análise da personalidade das vítimas sem intervenção de um terceiro - estudo que tem mais alcance do que o feito pela Criminologia, pois abrange assuntos tão diferentes como os suicídios e os acidentes de trabalho
4. Estudo dos meios de identificação dos indivíduos com tendência a se tornarem vítimas. Seria possível a investigação estatística de tabelas de previsão, como as que foram feitas com os delinqüentes pelo casal Glueck, o que permitiria incluir os métodos psicoeducativos necessários para organizar a sua própria defesa
5. Importancia busca dos meios de tratamento curativo, a fim de prevenir a recidiva da vítima.
A vitimologia é considerada por alguns penalistas uma ciência auxiliar da criminologia,sendo ela autonoma ou não,fazendo assim parte da ciência penais,trabalha também como uma ciência auxiliar moderna criminologia,a sociologia criminal e a psicologia criminal. A vitimologia é uma ciência que estuda o comportamento da vitima de uma forma global, analisando sua personalidade e se a mesma deu algum consentimento para a consumação do crime
TIPOLOGIA DAS VÍTIMAS.
Classificações de Benjamín Mendelsohn (Tipologias, Centro de Difusion de la Victímologia, 2002).
O vitimólogo israelita fundamenta sua classificação na correlação da culpabilidade entre a vítima e o infrator. É o único que chega a relacionar a pena com a atitude vitimal. Sustenta que há uma relação inversa entre a culpabilidade do agressor e a do ofendido, a maior culpabilidade de uma é menor que a culpabilidade do outro.
1 – Vítima completamente inocente ou vítima ideal: é a vítima inconsciente que se colocaria em 0% absoluto da escala de Mendelsohn. É a que nada fez ou nada provocou para desencadear a situação criminal, pela qual se vê danificada. Ex. incêndio
2 – Vítima de culpabilidade menor ou vítima por ignorância : neste caso se dá um certo impulso involuntário ao delito. O sujeito por certo grau de culpa ou por meio de uma ato pouco reflexivo causa sua própria vitimização. Ex. Mulher que provoca um aborto por meios impróprios pagando com sua vida, sua ignorância.
3 – Vítima tão culpável como o infrator ou vítima voluntária: aquelas que cometem suicídio jogando com a sorte. Ex. roleta russa, suicídio por adesão vítima que sofre de enfermidade incurável e que pede que a matem, não podendo mais suportar a dor (eutanásia) a companheira(o) que pactua um suicídio; os amantes desesperados; o esposo que mata a mulher doente e se suicida.
4 – Vítima mais culpável que o infrator.
Vítima provocadora: aquela que por sua própria conduta incita o infrator a cometer a infração. Tal incitação cria e favorece a explosão prévia à descarga que significa o crime.
Vítima por imprudência: é a que determina o acidente por falta de cuidados. Ex. quem deixa o automóvel mal fechado ou com as chaves no contato.
5 – Vítima mais culpável ou unicamente culpável.
Vítima infratora: cometendo uma infração o agressor cai vítima exclusivamente culpável ou ideal, se trata do caso de legitima defesa, em que o acusado deve ser absolvido.
Vítima simuladora: o acusador que premedita e irresponsavelmente joga a culpa ao acusado, recorrendo a qualquer manobra com a intenção de fazer justiça num erro.
Meldelsohn conclui que as vítimas podem ser classificadas em 3 grandes grupos para efeitos de aplicação da pena ao infrator:
1 – Primeiro grupo: vítima inocente: não há provocação nem outra forma de participação no delito, mas sim puramente vitimal.
2 – Segundo grupo: estas vítimas colaboraram na ação nociva e existe uma culpabilidade reciproca, pela qual a pena deve ser menor para o agente do delito(vítima provocadora)
3 – Terceiro grupo: nestes casos são as vítimas as que cometem por si a ação nociva e o não culpado deve ser excluído de toda pena.
3. VITIMOLOGIA, A CIÊNCIA PENAL E O ITER VICTIMAE - PROCESSO DE VITIMIZAÇÃO.
Como aponta Edmundo de Oliveira, "Iter Victimae é o caminho, interno e externo, que segue um indivíduo para se converter em vítima, o conjunto de etapas que se operam cronologicamente no desenvolvimento de vitimização (Vitimologia e direito penal, p.103-4)".
Fases do Iter Victimae, segundo a esquematização elaborada pelo próprio Edmundo de Oliveira em sua obra Vitimologia e o Direito Penal – O crime precipitado pela vítima, 2001, p. 101, in verbis:
Intuição (intuito). A primeira fase do Iter Victimae é a intuição, quando se planta na mente da vítima a idéia de ser prejudicado, hostilizada ou imolada por um ofensor.
Atos preparatórios (conatus remotus) - Depois de projetar mentalmente a expectativa de ser vítima, passa o indivíduo à fase dos atos preparatórios (conatus remotus), momento em que desvela a preocupação de tornar as medidas preliminares para defender-se ou ajustar o seu comportamento, de modo consensual ou com resignação, às deliberações de dano ou perigo articulados pelo ofensor.
Início da execução(conatus proximus) - Posteriormente, vem a fase do início da execução (conatus proximus), oportunidade em que a vítima começa a operacionalização de sua defesa, aproveitando a chance que dispõe para exercitá-la, ou direcionar seu comportamento para cooperar, apoiar ou facilitar a ação ou omissão aspirada pelo ofensor.
Execução(executio) - Em seguida, ocorre a autêntica execução distinguido-se pela definitiva resistência da vítima para então evitar, a todo custo, que seja atingida pelo resultado pretendido por seu agressor, ou então se deixar por ele vitimizar.
Consumação(consummatio) ou tentativa (crime falho ou conatus proximus) - Finalmente, após a execução, aparece a consumação mediante o advento do efeito perseguido pelo autor, com ou sem a adesão da vítima. Contatando-se a repulsa da vítima durante a execução, aí pode se dar a tentativa de crime, quando a prática do fato demonstrar que o autor não alcançou seu propósito (finis operantis) em virtude de algum impedimento alheio à sua vontade.(Edmundo de Oliveira. Vitimologia e dreito penal. 2001, p. 105)
Vitimologia é o estudo da vítima em seus diversos planos. Estuda-se a vítima sob um aspecto amplo e integral: psicológico, social, econômico, jurídico.
1. Estudo da personalidade da vítima, tanto vítima de delinqüente, ou vítima de outros fatores, como conseqüência de suas inclinações subconscientes
2. Descobrimento dos elementos psíquicos do "complexo criminógeno" existente na "dupla penal", que determina a aproximação entre a vítima e o criminoso, quer dizer: "o potencial de receptividade vitimal"
3. Análise da personalidade das vítimas sem intervenção de um terceiro - estudo que tem mais alcance do que o feito pela Criminologia, pois abrange assuntos tão diferentes como os suicídios e os acidentes de trabalho
4. Estudo dos meios de identificação dos indivíduos com tendência a se tornarem vítimas. Seria possível a investigação estatística de tabelas de previsão, como as que foram feitas com os delinqüentes pelo casal Glueck, o que permitiria incluir os métodos psicoeducativos necessários para organizar a sua própria defesa
5. Importancia busca dos meios de tratamento curativo, a fim de prevenir a recidiva da vítima.

Resenhista: FSantanna

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Filhos de dependentes químicos com fatores de risco bio-psicossociais: necessitam de um olhar especial?

Autores: NELIANA FIGLIE, ANDREZZA FONTES, EDILAINE MORAES, ROBERTA PAYÁ

Filhos de dependentes químicos tem o risco aumentando de se tornarem dependentes, e/ou apresentarem transtornos psiquiátricos (dependência química incluindo o alcoolismo).

Normalmente as crianças apresentam- timidez e sentimento de inferioridade, depressão, conflito familiar, carência afetiva.

Nos adolescentes, foi observado maior índice de problemas nas seguintes áreas do DUSI: desordens psiquiátricas, sociabilidade, sistema familiar e lazer; recreação.

Conclusão: O artigo concluiu a necessidade de um serviço especializado de prevenção seletiva, dirigido a crianças, adolescentes e familiares afetados pela dependência química, uma vez que filhos de dependentes químicos representam um grupo de risco para o desenvolvimento de problemas bio-psicossociais.

Filhos de dependentes químicos apresentam risco aumentado para transtornos psiquiátricos, desenvolvimento de problemas físico-emocionais e dificuldades escolares. Dentre os transtornos psiquiátricos, apresentam um risco aumentado para o consumo de substâncias psicoativas, quando comparados com filhos de não-dependentes químicos, sendo que filhos e alcoolistas têm um risco aumentado em quatro vezes para o desenvolvimento do alcoolismo- também é um grupo com maior chance para o desenvolvimento de depressão, ansiedade, transtorno de conduta e fobia social

Em relação ao desenvolvimento de problemas físico- emocionais, são predominantes problemas físico- emocionais, são predominantes: baixa auto-estima, dificuldade de relacionamento, ferimentos acidentais, abuso físico e sexual. Sofrem na maioria das vezes com uma interação familiar negativa e um empobrecimento na solução de problemas, uma vez que essas famílias são consideradas desorganizadas e disfuncionais, e o divórcio entre casais é aumentada em três vezes quando essa união se dá com um dependente de álcool.

No que tange a dificuldades escolares, filhos de dependentes de álcool apresentam menores escores em testes que medem a cognição e habilidades verbais, uma vez que a sua capacidade de expressão geralmente é prejudicada, o que pode dificultar a performance na escola e em testes de inteligência, além de apresentar empobrecimento nos relacionamentos e desenvolvimento de problemas comportamentais.

Apesar de seu estado de risco, é importante salientar que grande parte dos filhos de dependentes de álcool é acentuadamente bem ajustada, e por isso, uma abordagem preventiva de caráter terapêutico e reabilitador pode ser de vital importância no desenvolvimento de filhos de dependentes químicos.

** É sabido que o impacto da prevenção é maior na idade de iniciação do consumo de substâncias: dos 10 aos 13 ano

resenhista: FSantanna

quarta-feira, 27 de março de 2013

Sinteze de “O mal estar na civilização” de Freud.

É impossível fugir à impressão de que as pessoas comumente empregam falsos padrões de avaliação — isto é, de que buscam poder, sucesso e riqueza para elas mesmas e os admiram nos outros, subestimando tudo aquilo que verdadeiramente tem valor na vida
Há casos em que partes do próprio corpo de uma pessoa, inclusive partes de sua própria vida mental — suas percepções, pensamentos e sentimentos —, lhe parecem estranhas e como não pertencentes a seu ego; há outros casos em que a pessoa atribui ao mundo externo coisas que claramente se originam em seu próprio ego e que por este deveriam ser reconhecidas. Assim, até mesmo o sentimento de nosso próprio ego está sujeito a distúrbios, e as fronteiras do ego não são permanentes.
Ao passo que, de tempos em tempos, outras fontes lhe fogem — entre as quais se destaca a mais desejada de todas, o seio da mãe —, só reaparecendo como resultado de seus gritos de socorro.
Algumas das coisas difíceis de serem abandonadas, por proporcionarem prazer, são, não ego, mas objeto.
O que é interno — ou seja, que pertence ao ego — e o que é externo — ou seja, que emana do mundo externo
Tudo o que passou é preservado se aplica, mesmo na vida mental, só com a condição de que o órgão da mente tenha permanecido intacto e que seus tecidos não tenham sido danificados por trauma ou inflamação. Mas influências destrutivas que possam ser comparadas a causas de enfermidade como as citadas acima nunca faltam na história de uma cidade, ainda que tenha tido um passado menos diversificado que o de Roma
O que se passou na vida mental pode ser preservado, não sendo, necessariamente, destruído. É sempre possível que, mesmo na mente, algo do que é antigo seja apagado ou absorvido. Podemos apenas prender-nos ao fato de ser antes regra, e não exceção, o passado achar-se preservado na vida mental.
Um sentimento só poderá ser fonte de energia se ele próprio for expressão de uma necessidade intensa
O que pedem eles da vida e o que desejam nela realizar? A resposta mal pode provocar dúvidas. Esforçam-se para obter felicidade; querem ser felizes e assim permanecer. Essa empresa apresenta dois aspectos: uma meta positiva e uma meta negativa. Por um lado, visa a uma ausência de sofrimento e de desprazer; por outro, à experiência de intensos sentimentos de prazer.
O que decide o propósito da vida é simplesmente o programa do princípio do prazer. Esse princípio domina o funcionamento do aparelho psíquico desde o início.
O sofrimento nos ameaça a partir de três direções: de nosso próprio corpo, condenado à decadência e à dissolução,
Do mundo externo, que pode voltar-se contra nós com forças de destruição esmagadoras e impiedosas; e, finalmente, de nossos relacionamentos com os outros homens
Transformou-se no mais modesto princípio da realidade —, que um homem pense ser ele próprio feliz, simplesmente porque escapou à infelicidade ou sobreviveu ao sofrimento, e que, em geral, a tarefa de evitar o sofrimento coloque a de obter prazer em segundo plano
Uma satisfação irrestrita de todas as necessidades apresenta-se-nos como o método mais tentador de conduzir nossas vidas; isso, porém, significa colocar o gozo antes da cautela, acarretando logo o seu próprio castigo
O serviço prestado pelos veículos intoxicantes na luta pela felicidade e no afastamento da desgraça é tão altamente apreciado como um benefício, que tanto indivíduos quanto povos lhes concederam um lugar permanente na economia de sua libido. Devemos a tais veículos não só a produção imediata de prazer, mas também um grau altamente desejado de independência do mundo externo, pois se sabe que, com o auxílio desse ‘amortecedor de preocupações’, é possível, em qualquer ocasião, afastar-se da pressão da realidade e encontrar refúgio num mundo próprio, com melhores condições de sensibilidade. Sabe-se igualmente que é exatamente essa propriedade dos intoxicantes que determina o seu perigo e a sua capacidade de causar danos. São responsáveis, em certas circunstâncias, pelo desperdício de uma grande quota de energia que poderia ser empregada para o aperfeiçoamento do destino humano.
Satisfação do instinto equivale para nós à felicidade, assim também um grave sofrimento surge em nós, caso o mundo externo nos deixe definhar, caso se recuse a satisfazer nossas necessidades.
Outra técnica para afastar o sofrimento reside no emprego dos deslocamentos de libido que nosso aparelho mental possibilita e através dos quais sua função ganha tanta flexibilidade. A tarefa aqui consiste em reorientar os objetivos instintivos de maneira que iludam a frustração do mundo externo. Para isso, ela conta com a assistência da sublimação dos instintos.
Nunca nos achamos tão indefesos contra o sofrimento como quando amamos, nunca tão desamparadamente infelizes como quando perdemos o nosso objeto amado ou o seu amor
A beleza é uma derivação do campo do sentimento sexual
’Beleza’ e ‘atração’  são, originalmente, atributos do objeto sexual
Todo homem tem de descobrir por si mesmo de que modo específico ele pode ser salvo.
É uma questão de quanta satisfação real ele pode esperar obter do mundo externo, de até onde é levado para tornar-se independente dele, e, finalmente, de quanta força sente à sua disposição para alterar o mundo.
O homem predominantemente erótico dará preferência aos seus relacionamentos emocionais com outras pessoas; o narcisista que tende a ser auto-suficiente, buscará suas satisfações principais em seus processos mentais internos; o homem de ação nunca abandonará o mundo externo, onde pode testar sua força.
Qualquer escolha levada a um extremo condena o indivíduo a ser exposto a perigos.
Como o negociante cauteloso evita empregar todo seu capital num só negócio, assim também, talvez, a sabedoria popular nos aconselhe a não buscar a totalidade de nossa satisfação numa só aspiração. Seu êxito jamais é certo, pois depende da convergência de muitos fatores, talvez mais do que qualquer outro, da capacidade da constituição psíquica em adaptar sua função ao meio ambiente e então explorar esse ambiente em vista de obter um rendimento de prazer.
A esse preço, por fixá-las à força num estado de infantilismo psicológico e por arrastá-las a um delírio de massa, a religião consegue poupar a muitas pessoas uma neurose individual. Dificilmente, porém, algo mais.
Três fontes de que nosso sofrimento provém: o poder superior da natureza, a fragilidade de nossos próprios corpos e a inadequação das regras que procuram ajustar os relacionamentos mútuos dos seres humanos na família, no Estado e na sociedade
O que chamamos de nossa civilização é em grande parte responsável por nossa desgraça e que seríamos muito mais felizes se a abandonássemos e retornássemos às condições primitivas.
Descobriu-se que uma pessoa se torna neurótica porque não pode tolerar a frustração que a sociedade lhe impõe.
O progresso técnico não tenha valor para a nossa felicidade.
De que nos vale uma vida longa se ela se revela difícil e estéril em alegrias, e tão cheia de desgraças que só a morte é por nós recebida como uma libertação?
A beleza, a limpeza e a ordem ocupam uma posição especial entre as exigências da civilização.
Depois que o homem primevo descobriu que estava literalmente em suas mãos melhorar a sua sorte na Terra através do trabalho.
O trabalho psicanalítico nos mostrou que as frustrações da vida sexual são precisamente aquelas que as pessoas conhecidas como neuróticas não podem tolerar. O neurótico cria em seus sintomas satisfações substitutivas para si.
Exigências ideais, tal como as denominamos, da sociedade civilizada. Diz ela: ‘Amarás a teu próximo como a ti mesmo. ’ Essa exigência, conhecida em todo o mundo, é, indubitavelmente, mais antiga que o cristianismo. Na verdade, se aquele imponente mandamento dissesse ‘Ama a teu próximo como este te ama’, eu não lhe faria objeções.
Os homens não são criaturas gentis que desejam ser amadas e que, no máximo, podem defender-se quando atacadas; pelo contrário, são criaturas entre cujos dotes instintivos deve-se levar em conta uma poderosa quota de agressividade.
O homem como uma besta selvagem, a quem a consideração para com sua própria espécie é algo estranho.
Os comunistas acreditam ter descoberto o caminho para nos livrar de nossos males. Segundo eles, o homem é inteiramente bom e bem disposto para como seu próximo, mas a instituição da propriedade privada corrompeu-lhe a natureza. A propriedade da riqueza privada confere poder ao indivíduo e, com ele, a tentação de maltratar o próximo, ao passo que o homem excluído da posse está fadado a se rebelar hostilmente contra seu opressor.

Se a propriedade privada fosse abolida, possuída em comum toda a riqueza e permitida a todos a partilha de sua fruição, a má vontade e a hostilidade desapareceriam entre os homens. Como as necessidades de todos seriam satisfeitas, ninguém teria razão alguma para encarar outrem como inimigo;
A agressividade não foi criada pela propriedade. Reinou quase sem limites nos tempos primitivos, quando a propriedade ainda era muito escassa
Se eliminarmos os direitos pessoais sobre a riqueza material, ainda permanecem, no campo dos relacionamentos sexuais, prerrogativas fadadas a se tornarem a fonte da mais intensa antipatia e da mais violenta hostilidade entre homens
Trocou uma parcela de felicidade por uma parcela de segurança.
‘São a fome e o amor que movem o mundo’. A fome podia ser vista como representando os instintos que visam a preservar o indivíduo, ao passo que o amor se esforça na busca de objetos.
Um vínculo entre as tendências para o amor e o instinto destrutivo, ao passo que sua contrapartida, o masoquismo, constituiria uma união entre a destrutividade dirigida para dentro e a sexualidade,
(O desejo de destruição, quando dirigido para dentro, de fato foge, grandemente à nossa percepção, a menos que esteja revestido de erotismo.)
Inata inclinação humana para a ‘ruindade’, a agressividade e a destrutividade, e também para a crueldade.
A tensão entre o severo superego e o ego, que a ele se acha sujeito, é por nós chamada de sentimento de culpa;
Uma pessoa sente-se culpada (os devotos diriam ‘pecadora’) quando fez algo que sabe ser ‘mau’
O que é mau, freqüentemente, não é de modo algum o que é prejudicial ou perigoso ao ego; pelo contrário, pode ser algo desejável pelo ego e prazeroso para ele.
Obs: superego, ou culpa, é um freio, decorrente do medo da perda de amor por parte das outras pessoas. Medo de ser menos gostado, ou menos aceito. Mau é tudo aquilo que, com a perda do amor, nos faz sentir ameaçados. O sentimento de culpa é, claramente, apenas um medo da perda de amor
Permitem-se fazer qualquer coisa má que lhes prometa prazer, enquanto se sentem seguras de que a autoridade nada saberá a respeito, ou não poderá culpá-las por isso; só têm medo de serem descobertas.
Quanto mais virtuoso um homem é, mais severo e desconfiado é o seu comportamento, de maneira que, em última análise, são precisamente as pessoas que levaram mais longe a santidade  as que se censuram da pior pecaminosidade
Duas origens do sentimento de culpa: uma que surge do medo de uma autoridade, e outra, posterior, que surge do medo do superego. A primeira insiste numa renúncia às satisfações instintivas; a segunda, ao mesmo tempo em que faz isso exige punição
Originalmente, renúncia ao instinto constituía o resultado do medo de uma autoridade externa
Permanente infelicidade interna, pela tensão do sentimento de culpa.
Em primeiro lugar, vem à renúncia ao instinto, devido ao medo de agressão por parte da autoridade externa. (É a isso, naturalmente, que o medo da perda de amor equivale, pois o amor constitui proteção contra essa agressão punitiva.) Depois, vem à organização de uma autoridade interna e a renúncia ao instinto devido ao medo dela, ou seja, devido ao medo da consciência. Nessa segunda situação, as más intenções são igualadas às más ações e daí surge sentimento de culpa e necessidade de punição.
OBS: Quanto maior a repressão externa (dos pais, sociedade), maior será a repressão do superego, pois, o supergo nada mais é q o reflexo interno, das restrições impostas pelas cobranças paternas que moldam a personalidade da pessoa.
Uma criança criada de forma muito suave, pode adquirir uma consciência muito estrita. No entanto, também seria errado exagerar essa independência; não é difícil nos convencermos de que a severidade da criação também exerce uma forte influência na formação do superego da criança.
A culpa após a pratica de uma má ação, este sentimento deveria, mais propriamente, ser chamado de remorso
** sentimento de culpa como o mais importante problema no desenvolvimento da civilização.
Os sintomas neuróticos são, em sua essência, satisfações substitutivas para desejos sexuais não realizados. No decorrer de nosso trabalho analítico, descobrimos, para nossa surpresa, que talvez toda neurose oculta uma quota de sentimento inconsciente de culpa, o qual, por sua vez, fortifica os sintomas, fazendo uso deles como punição. Agora parece plausível formular a seguinte proposição: quando uma tendência instintiva experimenta a repressão, seus elementos libidinais são transformados em sintomas e seus componentes agressivos em sentimento de culpa
Duas premências, a que se volta para a felicidade pessoal e a que se dirige para a união com os outros seres humanos, devem lutar entre si em todo indivíduo
A comunidade desenvolve um superego sob cuja influência se produz a evolução cultural
Do mesmo modo, na verdade, o pai primevo não atingiu a divindade senão muito tempo depois de ter encontrado a morte pela violência. O exemplo mais evidente dessa conjunção fatídica pode ser visto na figura de Jesus Cristo
Maior estorvo à civilização — isto é, a inclinação, constitutiva dos seres humanos, para a agressividade mútua
Numa neurose individual, tomamos como nosso ponto de partida o contraste que distingue o paciente do seu meio ambiente, o qual se presume ser ‘normal’
O tema principal do livro — o antagonismo irremediável entre as exigências do instinto e as restrições da civilização —
Barreiras opostas ao instinto sexual surgidas durante o período de latência: ‘Tem-se das crianças civilizadas uma impressão de que a construção dessas barreiras é um produto da educação, e sem dúvida, a educação muito tem a ver com ela. Mas, na realidade, este desenvolvimento é organicamente determinado e fixado pela hereditariedade, e pode ocasionalmente ocorrer sem qualquer auxílio da educação
Intenção de representar o sentimento de culpa como o mais importante problema no desenvolvimento da civilização’
‘O sadismo corresponderia a um componente agressivo do instinto sexual que se tornou independente e exagerado e, por deslocamento, usurpou a posição dominante’

quinta-feira, 21 de março de 2013

CRUELDADE CONTRA ANIMAIS e SOCIOPATIA INFANTIL

Se dividi em ativa (comissão), passiva (omissão).
A crueldade ativa, é sinal de transtorno psicológicos sérios, associados a comportamento sociopático.
A crueldade passiva, são os casos de negligência, abandono que causam dor ou sofrimento ao animal.
 Segundo estudos, pessoas que abusam de animais, tem 5 vezes mais chances de cometerem crimes contra outras pessoas.
A associação psiquiátrica Americana, considera crueldade contra animal um dos fatores de diagnostico, para o distúrbio de conduta.
Abusar de animal é forma de demonstrar poder, torturar e subjugar as vitimas de modo que não possam se defender. Assim como estupro de vulnerável (abusar, de alguém que não pode se defender).
Então a linha que separa alguém que abusa de um animal, para alguém que abusa de outro ser humano é muito tênue.
Normalmente não se da a devida importância a ocorrência envolvendo violência contra animais,  mas para profissionais da área de saúde mental, acreditam que este sejam um forte traço, para futuros atos de violência contra pessoas.
A crueldade contra os animais esta relacionada a falta de empatia para com os outros, e gera um desvio de comportamento com baixa tolerância com a frustração, e descarga de agressividade. Este transtorno se inicia na infância, segue na adolescência e se segue pela vida adulta. Que deve ser diagnosticada até os 18, pois, se não pode gerar comportamento anti-social na vida adulta, com desdobramento em envolvimento criminal.
Esses indivíduos culpam as vitimas, pelos seus atos, por serem fracas e terem o que merecem; podem ainda desenvolver um egocentrismo exageradamente patológico, além de emoções teatrais, com falsidade e dissimulação. São indivíduos que roubam estupram, manipulam sem qualquer vergonha ou culpa. Costuma fingir arrependimento quando descobertos, sendo dotados de grande dom artístico para disfarçar as características de sua personalidade sociopata.
Segundo Ballone (2005)- Manual diagnostico e estatístico de Doenças mentais: existem 3 tipos de transtornos de conduta:
1. conduta agressiva, capaz de ameaçar e de causar danos físicos a pessoa e animais;
2. conduta causadora de danos a propriedade;
3. furto e serie de violações de regras
ainda segundo Ballone, outra característica destes jovens delinquentes é de serem fisicamente cruéis com pessoas e animais. Desta forma a violência física não contida na infância pode assumir a forma de estrupo, homicídio, além de vandalismo e todo tipo de agressão a sociedade.
Conforme Ballone, o transtorno de conduta (sociopatia infantil) se incia antes dos 13 anos de idade.
Para diagnostico alguns dos principais comportamentos validos são:
1. crueldade com animais
2. excesso de brigas
3. mentiras rápidas
4. destruição de propriedades
5. desobediência persistente
6. comportamento desafiador.
Ballone alerta que crianças sociopatas são aparentemente imunes a punição dos pais, e nem a dor física ou “palmada” adianta para alterar seu comportamento indesejável. A desistência dos pais achando que não há jeito, só faz a situação piorar.
Dentro da psiquiatria da infância e adolescência um dos quadros mais problemáticos é justamento o transtorno de conduta sociopata, por situar-se nos limites da psiquiatria com a moral e ética, além dos aspectos políticos em torno da delinquência infantil e juvenil. Causando sérios prejuízos ao funcionamento social, acadêmico, e ocupacional, favorecendo um circulo vicioso de conduta.
Essas crianças com comportamento precocemente violento reagem agressivamente a tudo e a todos, supervalorizando o seu prazer em detrimento do bem estar alheiro.

fonte: internet

terça-feira, 19 de março de 2013

Psicologia Criminal, saúde mental e justiça

A Psicologia Criminal, também conhecida por Psicologia Forense ou Psicologia Judiciaria, consiste na aplicação dos conhecimentos psicológicos ao serviço do direito. Dedica-se à protecção da sociedade e à defesa dos direitos do cidadão, através da perspectiva psicológica.
Este ramo da psicologia restringe-se às situações que se apresentam nos tribunais. Deste modo, a psicologia criminal, são todos os casos psicológicos que podem surgir em contexto de tribunal. Dedica-se ao estudo do comportamento criminoso.
Psicologia criminal resumo
Psicopatologia forense- aplicação dos conhecimentos da área da saúde mental, em todos os casos da ordem civil. Atuação dos profissionais de saúde mental no judiciário:

Introdução a criminologia
A lei serve para manutenção da sociedade  tanto quanto possível
Criminologia= ciência que estuda o crime e o criminoso, visando esclarecimento da criminogenese. Visa esclarecimento do ato humano anti-social, visando sua prevenção.
Ética e criminologia
Ética= valoração das condutas humanas buscando determinar o que  é bom ou mau.
Criminologia como ciência jurídica:
Na criminologia existe um objetivo claro, que é criminogenese, para fundamentar a aplicação das leis.
Criminogenese.
Tendo conhecimento do homem que cometeu o crime, se quer chegar as circunstancias e mecanismos que levaram ao crime. Na tentativa de conhecer, e desarmar estes mecanismos, e evitar novos crimes.
A criminalidade esta relacionada a 2 fatores- pessoais e o meio.
Pessoas: doença mentais distúrbios, etc.
Meio:pobreza, marginalização, exclusão social.
Obs: É certo que miséria, promiscuidade, doença, uso de drogas, abandono de menores, má condições de habitação, influem na criminalidade, mas não a determinam.
Cassificações de criminosos, por Lombroso.
I. Natos, II- Loucos, III- por paixão, IV- de habito e V- de ocasião.
PENA
Pena não é vingança e sim castigo, com valor pedagógico com a punição terá tempo para refletir e não mais cometer o delito .
Pena= defesa social
Crime
- grau= tentado e  consumado;
- espécie=  crimes e contravenções
Dolo indireto= assumir o risco de causar o dano.
Foucoult – terioria da reincidência criminal, dos presos. A prisão cria uma classe de profissinais no crime.
A lei é conservadora, visando estagnar a situação social vigente.
Punia-se a pessoa não o crime. Pensavasse “quem tu é” e não “o que tu fez?”.
Profiling
Uma técnica recente utilizada em países da Europa e nos EUA é denominada “profiling” que consiste num processo de análise criminal que associa as competências do investigador criminal e do especialista em comportamento humano.
Trata-se de uma perícia pluridisciplinar, dificilmente de um só indivíduo reunir todas suas especialidades.
Essa coleta de dados e investigação criminal permite uma inferência que pretende fornecer informações específicas sobre potenciais criminosos.
O principal objetivo do “profiling” seria então, o de orientar as investigações com uma contribuição da psicologia, das ciências humanas e das ciências criminais, ligando casos, identificando crimes com as mesmas características, ajustando estratégias ao perfil do criminoso e emitindo recomendações em vários domínios da criminologia.
Profilaxia terapêutica e criminal
São o conjunto de medidas que poem ser tomadas para prevenção do crime. Por terapêutica criminal entende-se a atuação sobre o criminoso, visando a reintegração na sociedade. Inclusive o penitenciarismos, que visa a reeducação do infrator.
Mesocriminogenese= causas sociais do crime
Psicologia criminal
- Visa auxliar na investigação criminal.
- Investiga o criminoso, fazendo uma ligação entre psicologia e direito.
- Encontrar as causas de um comportamento desviante, assim como seus efeitos sociais.
- Objetiva encontrar: medidas de prevenção reconstruindo os passos da vida do criminoso, compreendendo os processos mentais que o levam a criminalidade .
O psicologo criminal tem competência para:
- apoiar técnicos na formação e seleção de policiais e guardas prisionais.
- auxiliar no conflito entre delinqüentes e infratores.
- fazer diagnósticos dos reclusos, até prescrevendo terapias.
- ajudar os reclusos no processo de reinserção social
- apoiar vitimas de violência,
- apoiar no esboço de perfil psicológico de criminosos e investigação de crimes.
Características de um investigador criminal:
- isenção, objetividade, não ter opinião pessoal, imparcialidade, etc...
Personalidade de um criminoso:
- não há uma personalidade típica.
- possui uma ordem de valores e significados diferentes do comum.
Conclusão: a psicologia aplicada a criminalística, tem grande importância na compreensão de quem comete os crimes, os estudando, e tentando reintegrá-los novamente na sociedade, tentando assim contribuir para uma vida social mais segura.

sexta-feira, 15 de março de 2013

A PSICOPATIA TRANSTORNO ANTISSOCIAL DA PERSONALIDADE

O que leva um indivíduo a cometer um crime, sem sentir medo ou compaixão?

De acordo com Robert Hare, autoridade mundial em psicologia criminal e professor da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá), a única característica inconfundível de um psicopata é, exatamente, “a falta de emoções, da capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa para, pelo menos, imaginar seu sofrimento”. Hare também acrescenta que um psicopata procura entrar na mente das pessoas até tentar imaginar o que elas pensam, mas nunca conseguirá chegar a entender como elas se sentem. Demonstrou-se, inclusive, que um psicopata pode chegar a se relacionar social ou intelectualmente, mas sempre vendo as pessoas como objetos, isto é, retiram do outro seus atributos de pessoa para considerá-lo como coisa.

A psicopatia é uma anomalia psíquica, um transtorno antissocial da personalidade, devido à qual, apesar da integridade das funções psíquicas e mentais, a conduta social do indivíduo que sofre dessa anomalia se encontra patologicamente alterada.

As causas que se encontraram do porquê da conduta psicopática indicam que, por serem indivíduos relativamente insensíveis à dor física, quase nunca adquirem medos condicionados, tais como o medo da desaprovação social ou da humilhação, medo de que restrinjam suas más ações, medos esses que dariam a esses indivíduos um senso do bem e do mal.

As características de conduta do psicopata poderiam ser determinadas tanto por fatores fisiológicos como por fatores sócio-psicológicos. A conduta psicopática poderia ser causada por traumas infantis que geram conflitos, devido aos quais a “Criança” não pode se identificar com o progenitor do mesmo sexo nem se apropriar de suas normas morais. Os psicólogos comportamentais acreditam que a conduta psicopática resulta do aprendizado.

O psiquiatra norte-americano Hervey M. Cleckley,  pioneiro na pesquisa sobre psicopatia, identificou há algum tempo, em 1941, em seu reconhecido livro The Mask of Sanity (A Máscara da Sanidade), quatro subtipos diferentes de psicopatas:

Os PSICOPATAS PRIMÁRIOS não respondem ao castigo, à apreensão, à tensão e nem à desaprovação. Parecem ser capazes de inibir seus impulsos antissociais quase todo o tempo, não devido à consciência, mas sim porque isso atende ao seu propósito naquele momento. As palavras parecem não ter o mesmo significado para eles que têm para nós. Não têm nenhum projeto de vida e parecem ser incapazes de experimentar qualquer tipo de emoção genuína.

Os PSICOPATAS SECUNDÁRIOS são arriscados, mas são indivíduos mais propensos a reagir frente a situações de estresse, são beligerantes e propensos ao sentimento de culpa. Os psicopatas desse tipo se expõem a situações mais estressantes do que uma pessoa comum, mas são tão vulneráveis ao estresse como a pessoa comum. São pessoas ousadas, aventureiras e pouco convencionais, que começaram a estabelecer suas próprias regras do jogo desde cedo. São fortemente conduzidos por um desejo de escapar ou de evitar a dor, mas também são incapazes de resistir à tentação. Tanto os psicopatas primários como os secundários estão subdivididos em:

PSICOPATAS DESCONTROLADOS: são os que parecem se aborrecer ou enlouquecer mais facilmente e com mais frequência do que outros subtipos.   Seu delírio se assemelhará a um ataque de epilepsia. Em geral também são homens com impulsos sexuais incrivelmente fortes, capazes de façanhas assombrosas com sua energia sexual. Também parecem estar caracterizados por desejos muito fortes, como o vício em drogas, a cleptomania, a pedofilia ou qualquer tipo de indulgência ilícita ou ilegal.

PSICOPATAS CARISMÁTICOS: são mentirosos, encantadores e atraentes. Em geral são dotados de um ou outro talento e o utilizam a seu favor para manipular os outros. São geralmente compradores e possuem uma capacidade quase demoníaca de persuadir os outros a abandonarem tudo o que possuem, inclusive suas vidas. Com frequencia, esse subtipo chega a acreditar em suas próprias invenções. São irresistíveis.

O psicólogo criminal Robert Hare diz que os psicopatas “não sentem nenhuma angústia pessoal e não tem nenhum problema; o problema quem tem são os outros. Sua capacidade para castigar suas vítimas se baseia em um comportamento anormal do cérebro, que reage de forma completamente diferente do que o de uma pessoa sã”.

Anos atrás o doutor Hare com base na revisão de registros penitenciários e de entrevistas realizadas com criminosos, concluiu que esse tipo de personalidade pode ser avaliado por meio de uma lista de 20 características ou sintomas:

1 Loquacidade / Encanto superficial.
2 Egocentrismo / Sensação grandiosa de autoestima.
3 Necessidade de estimulação / Tendência ao tédio.
4 Mentira patológica.
5 Direção / Manipulação.
6 Falta de remorso e de sentimento de culpa.
7 Afetos pouco profundos.
8 Insensibilidade / Falta de empatia.
9 Estilo de vida parasita.
10 Falta de controle comportamental.
11 Conduta sexual promiscua.
12 Problemas precoces de comportamento.
13 Falta de metas realistas no longo prazo.
14 Impulsividade.
15 Irresponsabilidade.
16 Incapacidade de aceitar a responsabilidade pelas próprias ações.
17 Várias relações maritais breves.
18 Delinquência juvenil.
19 Revogação da liberdade condicional.
20 Versatilidade criminal.

Por sua vez, de acordo com um estudo recente realizado pelo professor da Universidade de Cornell, Jeff Hancock e seus colegas, os psicopatas tendem a escolher palavras bastante concretas quando falam de seus crimes. O relatório foi publicado na revista Legal and Criminological Psychology (Psicologia Legal e Criminal), e revelou que 14 homens usavam mais palavras como “porque” ou “portanto”, o que indica que possuem um objetivo claro quando cometem seus crimes. E usam duas vezes mais termos relacionados a necessidades físicas como alimentos, sexo e dinheiro. Em seu discurso incluem apenas palavras que façam referências à família, à religião e a outras necessidades sociais. Também costumam usar mais o tempo passado e falar de forma menos fluida, empregando mais “ums” e uhs” do que o resto da população.
Fontes consultadas: